domingo, 6 de fevereiro de 2022

"Quando O Som Bate No Peito" - e é traduzido em palavras

   por Luciano Teles













Para muitos de nós, o Orkut está para as telas de computador, assim como as pinturas rupestres estão para as cavernas. Ainda que não tenha sido a primeira rede social a aparecer, a memória emotiva que a lembrança daquela tela azul desperta, naqueles que dela participaram, é implacável. E sempre temos vontade de retornar no tempo e ver mais do que já sabemos. Não só pela funcionalidade do Orkut. Muitos dos amigos virtuais, que conhecemos nas comunidades, acabaram migrando para a vida real. É engraçado: mesmo que não os conheçamos pessoalmente, os recursos de áudio e vídeo-chamadas, das redes atuais, nos aproximam muito mais do que letras digitadas de outrora.

Com isso, amizades virtuais se tornam reais. E eu me considero um felizardo, por ter localizado e ter sido encontrado por vários amigos orkutianos. Pessoas com quem a afinidade vai além do assunto de uma comunidade: envolve a vida. Entre essas pessoas, está Márcio Grings. Repórter musical, pesquisador, escritor (nove livros publicados), músico e produtor cultural, o gaúcho de Santa Maria é do tipo observador inquieto. Não passa pelo ambiente sem registrar os detalhes. Quanto mais ambientes, melhor. Principalmente se forem shows de música. Grings aproveitou o tempo livre de um ano atípico, 2020, quando não aconteceram shows, e reuniu toda a carga de emoção e informação das resenhas de 34 apresentações que cobriu. Assim nasceu o livro Quando O Som Bate No Peito (editora Memorabilia, 2021). Os textos abrangem 21 anos de coberturas (1998-2019), com shows de blues e das mais variadas vertentes do rock e do pop, no cardápio: Wee Willie Walker, Bob Dylan, The Who e Rolling Stones, além de Queen + Adam Lambert, Buddy Guy e outros. Melhor do que eu listar, é você ver as imagens do índice e de algumas páginas do livro (este pode ser adquirido, com frete grátis, no hotsite ).

Aliás, as fotos e a diagramação são capítulos à parte. Das melhores que podemos ver, em um livro sobre música. Anos 80. Revista BIZZ. Tudo isso explode em nossos olhos. Estão espalhadas pelo texto. Créditos nas próprias fotos. Este humilde que vos escreve foi honrado com o convite para escrever o posfácio, que reproduzo abaixo. Espero não ter feito feio. Da mesma forma que na entrevista que fiz com Grings – depois do posfácio. Por e-mails e mensagens de áudio e texto, fui elucidando dúvidas próprias, assim como tentei mostrar o máximo possível da obra ao leitor.

Em tempo: Este trabalho me reuniu a outro amigo de tempos orkutianos, Cristiano Radtke. Pessoa da mais alta qualidade, respeitado fã dos Rolling Stones, que revisou o livro. É praticamente um historiador. Sabe de detalhes gerais e de gravações, que poucos conhecem. É outro com quem costumo bater papo frequentemente. Hoje em dia, muito mais sobre a vida e os significados da música em nossos tempos, do que sobre rock, Stones e afins, apenas.

POSFÁCIO

QUANDO O SOM BATE NO PEITO E A MENTE ESTÁ ABERTA

Por Luciano Teles 

Uma das melhores coisas de se ler muito sobre música é perceber que sempre se pode aprender mais. É disso que trata “Quando O Som Bate No Peito”. Partindo dessa premissa, Márcio Grings mostra que não apenas foi aos shows — ele esteve presente com corpo, alma e toda memória afetiva que podia carregar. Claro que milhares de outros fãs também compareceram com a mesma disposição. A arte de colocar tudo em palavras, porém, é para poucos. E Grings faz parte do seleto grupo que tão bem cumpre tal tarefa. Dentro desse pensamento, mesmo que você tenha ido às apresentações listadas no sumário, sempre há um detalhe que nos escapa. Podemos levar em conta o fato de que a memória insiste em falhar, apagando imagens que gostaríamos tanto de manter em nossas retinas tão fatigadas, como diria Drummond. O livro pode até ajudar a recuperar esses frames, assim como o belíssimo álbum de fotos também auxilia nesse resgate.

Contudo, há um detalhe curioso, a respeito de saber de outra visão sobre um evento ao qual você compareceu: e cito os shows de Eric Clapton, Rolling Stones e The Who. Eu os vi aqui, no Rio de Janeiro. Mas é óbvio que foram shows diferentes, apesar das repetições do setlist em grande parte da turnê. Pois foram essas diferenças que me fizeram gostar de ler sobre os concertos. Eu fui, eu vi, eu sei a dinâmica das apresentações. De todo o modo, é bom saber das opiniões de alguém que também foi, mas em outra cidade. Assim, eu fico imaginando as cenas descritas por Grings. Enfim, “Quando O Som Bate No Peito” não é um livro de matérias jornalísticas, aquelas que cumprem a tarefa de relatar um show dentro dos limites de uma notícia. É um livro para se ler aos poucos, quase que tateando os cenários descritos por Grings, para poder se deslocar aos locais e sentir a mesma atmosfera por ele descrita. Um texto por dia. Com a mente aberta. A cada dia, uma nova experiência.

ENTREVISTA COM MÁRCIO GRINGS

Por Luciano Teles

1- Por que reunir as resenhas? Alguma inspiração de outra obra semelhante?
Talvez seja uma espécie de obsessão, mas sempre tive esse DNA de registrar minhas experiências. Eu próprio, quando não o faço, quando não escrevo sobre o que foi vivido, esqueço... as memórias se esfacelam, se partem. Por isso, como documento memorial, acho importante esse registro. Não apenas com imagens e fotografias, mas com texto, visões de um repórter em primeira pessoa. É o que tento fazer com o livro. Acho que a inspiração vem de fora, do jornalismo musical norte-americano e britânico, mestres em preservar suas histórias, tanto em vídeo quanto em livros e imagens.




2- No livro, você diz que releu as resenhas, claro. Também assistiu vídeos, leu livros etc. Houve alguma modificação significativa em algum texto?
Sério: mudei quase tudo. Não no sentido de dourar a pílula, de tentar algum requinte literário. Acredito que fui além dessas meras preocupações. Na verdade, isoladamente, as resenhas funcionavam, mas quando as reuni, no sentido de obra, conjunto de escritos, havia muitas repetições e impressões semelhantes nas descrições. A voz original foi mantida, mas reescrevi preâmbulos, adicionei informações, notas de rodapé, subtraí excessos, e fiz uma revisão no sentido de melhorar a experiência para o leitor. Para essa jornada contei com o auxílio de um irmão de som, Cristiano Radtke, que fez o papel de advogado do diabo nessa função. Discutimos muito sobre os textos e várias de suas visões, toques e dicas estão em “Quando o Som Bate no Peito”.

3- Deixou algum como estava, mas que não escreveria da mesma forma, agora?
Vamos dizer que muitos estão bem semelhantes aos originais, mas nenhum deles ficou exatamente como foi publicado em www.gringstours.com.br, geralmente escritos horas depois de ter visto o espetáculo resenhado.

4- Mas você costuma reler o que escreve?
O tempo todo. Sou um adepto da reescrita. Acredito que sempre há o que ser melhorado, refinado, revisto. O grande desafio é saber a medida exata e quando devemos parar de mexer no texto.
5- E como foi reler os textos?
Tomando por base esses tempos malucos que vivemos, com restrições de podermos estar num show, com centenas ou milhares de pessoas, foi sensacional!! Revivi cada noite dessas. Ficou aquela satisfação de ‘graças aos céus’ estive lá e agora posso contar o que vi e senti...

6- São 34 resenhas, 21 anos de cobertura. A primeira é sobre o show de Bob Dylan, em 1998. O próximo texto, entretanto, data de 2009. Por que o hiato, depois de Dylan? Não foi a nenhum show ou não escreveu sobre nenhum?

O hiato é fácil de explicar. Entre o primeiro show (o último do livro) e o de Willie ‘Big Eyes’ Smith, em 2009, passei por tempos difíceis, e estava fora do circuito do jornalismo musical. Me separei, me refiz, dei um F5 em minha vida. Assisti pouquíssimos shows durante esse período, e perdi muita coisa. Em 2006, fui admitido na Rádio Itapema FM (grupo RBS, afiliada da Rede Globo no RS) e a aventura recomeçou. Resumindo: entre 1998 e 2006, me envolvi em uma série de outros trabalhos, sem ter condições para cobrir eventos apropriadamente. Com o ingresso na rádio Itapema, novamente adentrei no circo.

7- Como se deu a escolha das fotos?
Grande parte do material fotográfico foi coletado das colaborações de fotógrafos credenciados por mim, com cessão de direitos para o livro. Muitos dos fotógrafos são amigos, parceiros de muitas coberturas. Outra parte veio de veículos de imprensa, no caso no Jornal Zero Hora, os direitos de imagem foram cedidos pelos fotógrafos e pelo próprio jornal. E vamos lá, livro falando de música sem imagens seria um tiro no pé, não acha? “Quando o Som bate no Peito” é um livro de música para quem gosta de música, e como um bom álbum de imagens, está repleto de figurinhas que complementam o caldo do texto.

8 - Devo confessar que, antes de ler o Prólogo, escrito por você, só em folhear o livro, já me veio toda a referência à literatura musical e de HQs dos anos 80, principalmente a revista Bizz, ali citada. Como foi o processo de elaboração da arte gráfica e da diagramação? Teve essa intenção, de remeter aos 80? 
Sabe, caras como nós, na faixa dos 50, tivemos a Bizz como farol naqueles tempos. Muito do que sabíamos vinha de lá, das páginas da revista. Essa intenção de rechear o livro com imagens, já que eu tinha muitas, passa sim por essa referência, não apenas na simples transposição de fotos para o miolo do livro. A intenção, graficamente falando, que tem a direção de Giovani Faganello, web designer que assina a diagramação do livro, foi ampliada e dimensionada para aproximar essa associação – da capa à iconização dos capítulos. Não tem como fugir dessa influência, pelo menos para mim...

9- Em algum desses shows você foi, também, como organizador de excursão. Teve imprevistos?
Muitos... Poderia falar muito tempo sobre isso, hehehe. De todo o modo, faz parte dessas trips ter percalços e desvios de curso. Ônibus que quebra, passageiro que some após o show, alguém que bebe todas e precisa de um auxílio, e tantas outras coisas. Para isso, a partir de um momento tive a companhia de Ana Bittencourt, jornalista e minha sócia nessa empreitada. Essa assessoria e companhia nos trouxe muitas amizades, e graças ao Criador, nunca deixamos de chegar até o local de um evento, assim como todos chegaram são e salvos até sua casa. Costumo dizer que dia de show é feriado nacional no Planeta Rock. Morro de saudades...

10- Como foi cobrir estilos de música tão diferentes, dentro do mesmo conceito de rock?
É sempre um aprendizado. E gosto dessas diferenças, de experimentar outras cores. Cobri shows de Katy Perry, Ed Sherran, Bon Jovi, entre outros (penso num segundo volume do livro), foram experiências muito interessantes. Na Katy Perry, por exemplo, vejo mais como um espetáculo de dança e coreografia, já que não existe uma banda no palco. Enfim, nunca iria num evento desses. Mas fui como repórter. E, após tê-la visto, tive a certeza de ter presenciado uma grande performer. Que, apesar de não se conectar ao meu centro de interesse, é impossível que eu não exalte suas qualidades, como artista.

11- De todos os artistas, quais os 3 preferidos? 
Do livro, falando dos shows que mais me impactaram, certamente Bob Dylan, The Who e Queen + Adam Lambert. Dylan, por ser meu ídolo maior na música. The Who, pelas peculiaridades de um evento em que a banda atuou como numa final de campeonato. E Queen + Adam Lambert, pela surpresa de assistir um vocalista impressionante, além de duas lendas de uma das bandas que mais marcaram minha vida. Pô, mas tem muita coisa que me impactou: McCartney, Stones, shows de blues, Buddy Guy, poderia fazer uma longa lista...

12- Você teve alguma sensação do tipo "putz, esses caras deveriam ter vindo antes"? Como foi lidar com isso e escrever de forma “isenta”?
Vou te dizer que uma banda que praticamente conheci no palco, o que deveras, é uma baita maneira de sacar um artista ou grupo, foi o Blackberry Smoke. Claro que já tinha conhecimento do trabalho deles, já tinha ouvido diversos sons, mas o impacto de assistir um concerto dos ‘Fumacentos’ num lugar pequeno, como o Opinião, em Porto Alegre, foi arrebatador. Nunca vi Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd e Marshall Tucker Band ao vivo, mas vê-los de perto me aproximou da experiência de sacar uma gema viva do southern rock norte-americano. Acho que eles estão rumo ao topo. Grande grupo, nunca mais deixei de ouvir e hoje sou fã de carteirinha.

13- Quase sempre que esses artistas vêm ao Brasil, tem de ser feito um pacote, incluindo outros países da América do Sul. Não muito diferente do que Queen e Van Halen fizeram, por exemplo. Mas a economia, a reboque da política, tem de ser favorável. Como você vê o cenário futuro, nesses aspectos?
Nebuloso. Qualquer previsão não passa de achismo, ainda mais com o preço do dólar e o consequente desastre financeiro da Argentina, um país fundamental para que as turnês passem por aqui. Acredito que levaremos um tempo para avançarmos até o patamar que estávamos em 2019.

 

14- Você acha que mais cidades do Brasil poderiam ser incluídas em turnês internacionais, além das capitais, a exemplo de Santa Maria? Citaria algum exemplo?
Sinceramente, acredito que não. Vejo essas descentralizações mais como uma iniciativa de produtores culturais e movimentos isolados de algumas cidades fora do eixo, do que algo que se sustente a longo prazo.

15- Parafraseando os Engenheiros do Hawaii, quando você viu que o Rio Grande do Sul já não estava longe demais das capitais, ainda que sempre tenha tido uma cena rock própria bem forte? Quando o RS entrou no roteiro das turnês internacionais?
Isso começou a acontecer gradativamente, muito pela capital gaúcha ser caminho entre Buenos Aires e São Paulo. Houve um momento em que os voos começaram a aterrissar no Aeroporto Salgado Filho, e por vários fatores. Entre eles, a evolução de profissionais locais de produção e o próprio aparelhamento das casas de espetáculo e estádios. Foi um caminho natural de uma cidade, de um estado, que ainda cultua muito o rock and roll.

16- Como está sendo a divulgação do livro?
O Memorabilia Books é um selo independente, pequeno, fora dos grandes circuitos literários. “Quando o Som Bate no Peito” teve repercussões em todo país, e até fora dele, pois saíram algumas matérias também em sites argentinos. O tema é muito universal: música, shows, grandes nomes da música envolvidos. Tudo isso emprestou muita força ao livro, além de minha assessoria, que fez um trabalho excelente espalhando as sementes do livro de norte a sul.
17- Quando você teve a certeza de que o livro deveria ser escrito?
Sempre que escrevia cada resenha, pensava: “um dia quero reunir isso tudo num livro”. Em 2020, quando completei 10 anos de coberturas credenciadas, ao constatar que não faria nenhuma cobertura naquele ano, devido à pandemia, resolvi separar o material e pensar no pacote literário. O edital da Lei Aldir Blanc foi a faísca que colocou fogo em toda a lenha que estava armazenada por vários anos.

18- Os bluesmen que estão no livro se apresentam, muitas vezes, em festivais. Ou seja: não têm uma estrutura só para eles. Como foi a vinda deles, para shows individuais, além dos festivais? Você chegou a pensar nisso?

Aqui no Sul, muito pela atividade do Mississippi Delta Blues Festival, que durante vários anos acontecia em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, formou-se uma espécie de circuito particular do blues. Em comparação, e guardadas as devidas proporções, da mesma forma que artistas que vêm ao Rock in Rio acabam circulando pelo país, bluesman que vem ao MDBF acabam tocando em outras cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e até no Paraná. Em 2019 organizei por aqui, junto ao Plataforma 85 (que fechou as portas, poucas semanas antes da pandemia), um evento que trouxe 11 atrações ao pub, de fevereiro a dezembro daquele ano. Cinco norte-americanos vieram, dois deles estão no livro. Essa iniciativa passa pelos contatos com dois produtores/músicos daqui: Adrian Flores, um argentino, apaixonado por blues, que mora em Navegantes/ SC, e o pianista Luciano Leães, de Porto Alegre. Antes do período pandêmico, estávamos em contato para dar seguimento ao Memorabilia Blues (como foi batizado o projeto), mas daí sabemos o que aconteceu. Aguardemos cenas dos próximos capítulos, assim que voltarmos à normalidade...

19- Sei que você esteve em mais de 100 shows. Por que reuniu 34?
Porque não haveria espaço para todos eles, porque penso num segundo volume. Muita coisa boa ficou de fora. Nessa escolha, tentei contemplar vários públicos.

Márcio Grings. Foto: Pablito Diego

20- Pearl Jam e Bon Jovi ficaram de fora, por exemplo. Alguma razão especial?

Tem todo um lance de fotos, direitos autorais e algumas complicações que tornavam alguns shows mais difíceis do que outros, para colocá-los numa publicação. Que é o caso do Bon Jovi, que, naquele show, não credenciou fotógrafos. Já o Pearl Jam, certamente será destaque num segundo volume.


 21- Por que duas resenhas sobre Dylan?
Bob Dylan é uma referência na minha vida, uma inspiração. Acompanho sua carreira há mais de 35 anos, e simplesmente consumo tudo o que ele faz. Seria impossível deixar de fora algum dos dois shows que vi, o de 1998, no Opinião, ou o de 2012, no Pepsi On Stage. Os dois foram muito especiais. Mesmo que fosse estratégico guardar uma das resenhas para o segundo volume de “Quando o Som Bate no Peito”, não segurei a mão... Acho que ambos os shows compõem interessantes aspectos e momentos de Dylan, um dos rostos do Monte Rushmore da música mundial.

22- Sendo colecionador, não poderia deixar de te perguntar: Seu site tem o nome de GringsMemorabilia (www.gringsmemorabilia.com). O que acha dos itens de memorabilia, que são produzidos em torno desses shows? Ou que os próprios artistas trazem, para seu merchandising?
Ah, nem me fale! Tenho uma coleção de copos, camisetas, CDs, bottons, ingressos, pulseiras, credenciais, recortes de jornais etc. Sempre me vejo um moleque, quando coloco mais um item na prateleira. E vejo que isso tudo, o espírito de amar esse circo e tudo que compõe esses eventos, é uma sensação rejuvenescedora. Lembra de William Miller em “Quase Famosos” roubando cinzeiros e diversas coisas nos hotéis que passavam como o Still Water? Assim como o garoto do filme, eu adoro guardar tudo referente a essas memórias... A começar pela escrita.

23- Houve algum show que você se arrependeu, por não ter ido?
Sempre tem né? São vários, mas sempre que alguém me pergunta isso lembro de dois: Neil Young, no Rock in Rio, em 2001, e Rush, em Porto Alegre, em 2002. Nunca vou me perdoar de não ter ido nesses... Sim, me senti um miserável, o último dos caras.



24- Você conseguiu entrevistas, nesse processo de coberturas? Pretende lançá-las?
Sabe, essa é outra ideia, como aqueles livros da Rolling Stone, só com entrevistas. Mas nesse caso, preciso juntar mais material.

25- Até o início dos anos 90, artistas internacionais chegavam e logo eram entrevistados. Em coletivas ou exclusivas, sempre se tinha material jornalístico produzido aqui. Dos 2000 para cá, isso parece ter acabado. A que você atribui esse fato?

Eu acho que estamos vivendo os últimos dias de uma era. Vejo que a cultura de escrever, falar sobre música, as publicações, os sites, cada vez mais há menos espaço neles para desenrolar um texto. Há mais amplitude para vídeos, imagens. Assim como no futebol, quando hoje não há mais aquele acompanhamento diário dos jornalistas nos treinos, com certos jogadores se tornando inacessíveis, também no rock acontece algo parecido. Muitas vezes apenas os grandes veículos publicam entrevistas exclusivas com os artistas, o que muitas vezes resulta num material sem qualidade e aprofundamento. É aí que entra “Quando o Som Bate no Peito”, pois espero inspirar outros profissionais a publicarem suas experiências em shows. Acredito que a preservação da memória cultural, em textos, deveria ser mais valorizada e utilizada, pois há muito peso na palavra escrita.


FOTÓGRAFOS            

                *Conheça os fotógrafos que colaboraram com o livro — 
Adriana Franciosi
Ana Bittencourt
Camila Gonçalves
Carlos Macedo
Cris Santoro
Ericson Friedrich
Fabiano Dallmeyer
Fábio Codevilla
Fábio Mattos
Gika Oliva 
Isadora Neumann
Juliana Pozzatti
Lauro Alves
Pablito Diego
Rafael Cony
Ton Müller
Yuri Weber 
Zé Carlos de Andrade.

Confira, abaixo, o vídeo da cobertura do show de Buddy Guy (2012) em Porto Alegre — resenha está no livro — na época em que ele estava na rádio Itapema (matérial produzido por Fábio Codevilla).


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